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The Armory Show 2022 08/09 >> 11/09/22

The Armory Show 2022

08/09 >> 11/09/22
Stand 301
Nova York, EUA
08/09 >> 11/09/22
The Armory Show 2022
Stand 301
Nova York, EUA
Sobre

Para a Armory Show 2022, A Millan propõe diálogo entre artistas que contribuíram para definir um legado para a arte brasileira contemporânea através de suas práticas singulares - como Tunga e Anna Maria Maiolino - e artistas como Jaider Esbell, Vanderlei Lopes e Vivian Caccuri, que apresentam uma multiplicidade de visões e questionam uma história brasileira contada de apenas um ponto de vista.

Entre os destaques da seleção de obras está um conjunto de 23 trabalhos de Jaider Esbell, produzidos entre 2017 e 2021. Com essa seleção, a Millan apresenta ao público da Armory um recorte da obra do artista indígena Macuxi, cujo legado tem se consolidado dentro e fora do Brasil, com sua passagem por exposições como The milk of dreams, 59a Bienal de Veneza, Itália, (2022); Mondo reale, Trienal de Milão, Itália (2022); Living Worlds e Le Serpent Cosmique, organizadas pela Fondation Cartier pour l’art contemporain em Lille, França (2022); além da 34a Bienal Internacional de São Paulo (2021). O trabalho de Esbell contribui para repensar a representação das culturas brasileiras ao longo de nossa história e os diversos pensamentos estéticos e visões de mundo que constituem o país.

Ainda ressaltando a diversidade cultural brasileira, são apresentadas obras de Rubem Valentim, artista autodidata cujo centenário de nascimento é celebrado em 2022. Valentim foi inovador ao associar a geometria da arte moderna aos símbolos e emblemas das religiões de matriz africana, naturalmente geométricos. Sua produção também é importante destaque de uma arte produzida fora do eixo do sudeste brasileiro - na Bahia - e um interessante contraponto aos paradigmas do formalismo que nortearam a produção artística moderna na Europa e Estados Unidos.

Também dotado de uma poética singular que destacou a arte brasileira no circuito internacional é Tunga, cujas séries Morfológicas e From La Voie Humide participam da exposição. Na primeira, o caráter erótico da alquimia de Tunga é visto nas grandes esculturas de dedos, orelhas e pálpebras que se dobram em si mesmos, formando híbridos de partes do corpo. A sensualidade também aparece na instalação da série From La Voie Humide (2014), nas formas orgânicas e cores rosadas das cerâmicas, que remetem à pele - as cores claras são um diferencial desta série em relação ao restante da produção do artista.

Conjugando referências da história da arte, do cristianismo, do erotismo e da psicanálise, a obra de Tunga não apenas transmuta matérias - como um verdadeiro alquimista - mas parece congelar os objetos justamente no momento em que ocorre essa transformação - estabelecendo em suas instalações e esculturas um equilíbrio delicado e desconcertante.

Da mesma geração e dona de uma produção que se espraia por várias linguagens está Anna Maria Maiolino, que trabalha linguagens como pintura, gravura, escultura, bordado, além de ser pioneira na performance e videoarte. Com uma obra crítica e politicamente engajada, Maiolino se tornou uma das principais artistas de sua geração. Neste ano a artista realizou mostra retrospectiva no Instituto Tomie Ohtake.

A radicalidade também é característica da obra de Ana Amorim, artista que há décadas registra seus trajetos diários em desenhos e bordados, como parte de uma performance de longa duração. Com uma prática de performances singular na história da arte brasileira, são visíveis as referências de Amorim na primeira geração de artistas conceituais e do minimalismo, como On Kawara, Tehching Hsieh e Vito Acconci. Contudo, na mesma medida, seu trabalho, como mulher e brasileira, cria fricções que suscitam problemáticas de gênero, classe e acesso ao espaço urbano que passaram ao largo desses movimentos artísticos históricos. Assim, a obra de Ana Amorim - que apenas recentemente passou a ter maior circulação e reconhecimento no sistema das artes brasileiro, dada a radicalidade de suas performances - aponta lacunas nas narrativas da História da Arte e estabelece diálogos ainda insuspeitos entre a arte nacional e as neovanguardas internacionais.

Além destes, também são apresentados artistas proeminentes, em diferentes pontos de suas carreiras, como Vivian Caccuri e Vanderlei Lopes, que associam debates formais e do suporte à discussão da formação do país e do colonialismo: Caccuri, em seus trabalhos recentes, reflete sobre os processos de colonização, produção científica e de juízos de valor entre culturas a partir dos mosquitos que se proliferaram a partir da intervenção colonialista nas Américas - a artista apresentou desdobramentos dessa pesquisa em sua individual Mosquito Revenge, no Kunsthal 44Møen, Dinamarca. Por outro lado, Vanderlei Lopes levanta questões sobre mimese e representação, ficção e temporalidade nas obras de arte, ao mesmo tempo em que discute o papel de monumentos e museus na manutenção de discursos de poder.